terça-feira, março 22, 2005

Um metro de acordeão

Entrei calminho repuxando a alça da mala que me arrepanhava o casaco e encostei-me às espaldas dos primeiros bancos. Esperei dentro pelo toque de aviso e fiquei encantado a ver as pessoas que à última entravam rasando as portas do metro. O ar desencantado dos que ficaram de fora segurando as suas malas também atarantadas e amaldiçoando a corrida que deram. Como o dia lhes corre já mal...
Dentro da carruagem está uma senhora que toca acordeão com uma face engandoramente alegre. Um sorriso estudado que é capaz de por e tirar conforme lhe apetece tamanhas foram as passas que a vida lhe deu. Ela presta um serviço aos passageiros, toca umas tarantelas e vai olhando em volta enquanto as pessoas desviam o contacto directo com o seu olhar preferindo o anonimato do reflexo escuro da janela. Paragem Parc / Park, ninguém entra, ninguém sai e ela continua a tocar como se agora tivesse começado. Acho mesmo que por momentos ela prórpia meteu o piloto automático e pensa no que vai comer à noite, na roupa para lavar, nos pensos que tem de comprar, no homem que está a fazer o mesmo na outra linha, nos filhos que ficaram com a avó na Roménia... e vai tocando esquecidamente. O sorriso ficou-lhe preso todo este tempo.
Percorre o vagão com o copo de cartão com as moedas pequenas que deixou para ir chocalhando com a suave melodia a uma mão que deixa no ar. Ninguém dá nada, mas perseguem-lhe os olhos pela imagem no vidro. Um vagão cheio de predadores da miséria alheia. Alimentar-se disso deixa-nos um conforto de como as coisas podiam ter sido piores, de como a vida podia ter sido mais calhorda connosco.
Centraal station / Gare central
Ninguém lhe dá nada, nem um olhar, e ela retribui com o mesmo sorriso preso porque ela própria não esperava mais do que teve. Sai vitoriosa para o próximo vagão porque a vida não a surpreendeu. A previsibilidade do pior ajuda a suportá-lo.

sábado, março 19, 2005

FantasBruxelas


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As saudades do cinema reacendem-se com um ciclo dedicado ao fantástico, aos universos paralelos, às passagens oníricas, ao terror necrofílico, à animação psicopata, à ficção científica...
BIFFF
ZAPPP
PUMM
BLOB

quinta-feira, março 17, 2005

aproximação de gozo


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Apanhámos o Ferry em Malta para ir a Gozo, a ilha secundária. Apesar de partilhar da mesma beleza urbana medieval de Malta, as áreas selvagens são mais densas. A população sofre, claro, da discriminação de ser ela também secundária por extensão, logo propensa aos chistes populares. Os gozotenhos são afamados por serem trabalhadores afincados mas rudes e sem maneiras. A reputação de serem competitivos e de raramente descansarem faz com que sejam sempre pessoas preferidas para trabalhos que exigem afinco mas poucos contactos sociais. São também reconhecidos por serem as famílias mais ricas do arquipélago conforme atestavam os veiculos de luxo que lá circulavam.Posted by Hello

sacanagem


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Se me tivessem dado a escrever uma frase na minha língua eu teria posto "olha-me só o palhaço de esquerda". Mesmo assim não estou convencido que a frase oriental não signifique isso exactamente apesar de nas outras faces se ler a mesma coisa em Italiano e Maltês.
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Nas costas de quem tira a fotografia está um monumento que data de 3000 A.C.. Uma espécie de local de culto em forma de oito do qual só resta um monte de escombros e a estação meteorológica intacta. Como não era nada de novo nem que se pudesse destrinçar para achar relevante, não capturei imagem.Posted by Hello

tear collector


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No alto de um promontório, não sei como foi feito, mas a água vai escorrendo periclitante e lentamente num sistema de pocinhas que até anémonas têm. A montante nem chuva nem fonte, portanto são as a lágrimas salgadas de um semi deus. Posted by Hello

azure window


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É uma janela e é azul.
Mais objectivo é impossível.
Melhor do que isto, só dois isto.
Posted by Hello

Comino entre Malta e Gozo


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Comino é a ilha que fica entre Malta e Gozo. Ocupada parcialmente por manobras militares Maltesas é conhecida pela sua fauna reptiliana estranhamente diferente do normal. Nestas ilhas filmaram-se as peliculas Troia, Popeye, Galdiador e Conde de Montecristo. A aldeia do Popeye é o único legado que é explorado como atracção local.
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O ferry percorre a distância entre as duas ilhas em menos de meia hora. Transporta de uma ilha para outra automóveis e passageiros pedonais distribuidos por 4 andares. A qualidade do café a bordo fica bastante próxima da zurrapa e não admira que as pessoas se enfadem com o serviço manhoso.
Devem ser todos gozotenhos.Posted by Hello

autocarro cinza



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As viaturas na ilha de gozo mudam de cor. Ao invés do amarelo têm um cinza aborrachado que faz lembrar os filmes de ficção científica dos anos 70. O carisma impõe-se.

autocarro perfil


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Os autocarros em Malta parecem-se com a imagem que tenho dos Estados Unidos dos anos 50. A route 66, os diners de beira da estrada, os moteis, as bombas solitárias, tudo o que poderia figurar num quadro de Hopper. Não são Greyhound nem Eurolines mas o conforto espartano deixa-se esquecer nos cheiros e memórias de quem lá entra.Posted by Hello

autocarro publico


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Para quem quiser dar umas voltinhas à ilha, os autocarros públicos apresentam-se como a via mais segura de nunca largar terra firme até porque a velocidade que ganham não é suficiente sequer para fazer esborrachar insectos contra os vidros. Além disso parece que todos os assentos estão equipados com massagem gluteal. Por outro lado, as suspensões agrestes não têm indicação para quem sofra de hemorroidas. Posted by Hello

o bom gosto para matriculas


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Em malta as matrículas são de livre escolha. A placa comporta 3 letras e 3 algarismos em sequência. A imaginação de cada um por vezes pode ser mais ou menos infeliz. Pagando 500€ pode-se ter direito a por tudo em letras podendo-se assim baptizar o carro com um nome cristão.
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O mercado negro, ou antes acastanhado porque é árabe, importa os carros em peças para serem depois de novo remontados em Malta e revendidos por um baixo preço. Julga-se que o mercado tenha origem no japão, daí que alguns (toyota) Yaris tenham a designação Vtis. Posted by Hello

segunda-feira, março 14, 2005

Se me apanho no avião ainda julgo que é mentira

Não há nada mais fastidioso para apanhar um avião do que todo o caminho casa aeroporto. Tanto pior se torna quanto mais desfazadas forem as horas de embarque das do normal bulício citadino. Entrar num avião que parta às 6h30 torna quase olímpica a tarefa de querer chegar a horas pelo preço mais baixo.

Acorda-se às 4h15, trata-se da higiéne básica, arrumam-se os ultimos embaraços e deixa-se a casa nas condições mínimas de convivialidade para um agradável regresso. O mais tardar às 4h45 estamos a bater a porta da rua. Poupa-se o dinheiro em taxi caminhando de peso às costas até à estação de combóio, por muito que isso se ressinta nas pernas. Ir cantando em surdina uma canção revolucionária sempre ajuda à motivação sobretudo se a isso juntarmos umas injúrias a todos os transportes públicos que só iniciam a actividade à hora justa de chegada à estação... na melhor das hipóteses.

Nada poderia ser mais frustrante que chegar à plataforma e ver o comboio a assobiar profundamente e a arrancar pouca-terra, pouca-terra, pouca-terra. Fica-se a pensar na teoria da relatividade de Einstein e de como as pessoas nos vagões se distanciam de nós à mesma velocidade mas parecem estacionárias umas para as outras. Eu preferia que, do meu referencial, elas me parecessem paradas. O pior de tudo continua a ser a subjectividade de não haver nada a que possa atribuir as culpas. É nestas situações que se aplica a expressão “um azar do caraças” e não quando as meninas aparecem gravidas sem querer.

Entre a hipótese de esperar 40 minutos pelo combóio seguinte ou gastar o dinheiro a que me neguei no início, preferi fretar um táxi que me faça chegar a tempo de chequinar.

Saldo final: gastei 33 euros ao invés dos 2 previstos e nem sequer pude beneficiar de menor esforço físico indo directamente de casa.

É nestas alturas que Deus se manifesta das mais estranhas formas. A Lufthansa ainda serve refeições quentes a bordo...

sábado, março 05, 2005

Agora sinto-me iluminado (de azul-moderno) também

XVII GOVERNO CONSTITUCIONAL

Primeiro-Ministro - José Sócrates
Ministro de Estado e da Administração Interna - António Costa
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros - Diogo Freitas do Amaral
Ministro de Estado e das Finanças - Luís Campos e Cunha
Ministro da Presidência - Pedro Silva Pereira
Ministro da Defesa Nacional - Luís Amado
Ministro da Justiça - Alberto Costa
Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional - Francisco Nunes Correia
Ministro da Economia e da Inovação - Manuel Pinho
Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas - Jaime Silva
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações - Mário Lino
Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social - José António Vieira da Silva
Ministro da Saúde - António Correia de Campos
Ministra da Educação - Maria de Lurdes Rodrigues
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Mariano Gago
Ministra da Cultura - Isabel Pires de Lima
Ministro dos Assuntos Parlamentares - Augusto Santos Silva
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros - Jorge Lacão

sexta-feira, março 04, 2005

Parc Royal (II)


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Não sei se fantasiaram muito mas o facto é que todos estes símbolos maçónicos cabem ali no espaço das linhas rectas dos jardins do Parc Royal.

Parc Royal (I)


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O Parque concebido por Victor Horta liga o Palácio real ao parlamento numa escala de hierarquia decrescente. A simbologia Maçónica no parque é, como costuma ser, discreta, e apenas, para os olhos de quem a procura. Numa estátua no canto do parque podemos ver pelo reflexo na água uma inscrição cinzelada sob a pedra: VITRIOL, que é o acrónimo latino para Visita Interiora Terrae, Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem (visita o interior da terra e, rectificando-a, descobriras a lápide oculta). O vitríolo (s. m., nome vulgar do ácido sulfúrico e de alguns sulfatos.) tem um significado espiritual e alquímico como intermediário para atingir a pedra filosofal. Enfim...

Lâmpada maçónica


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Por certo algo para animar as suas festas!
Para oferecer aos amigos há também outros produtos.
 
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