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Os dias em Bucareste passei-os numa recém inaugurada residência de estudantes. A cidade é dominada pela arquitectura austera de Ceausescu que de tão imponente e totalitária consegue cair no registo de escusada e sem préstimo. Os Romenos odeiam os edíficios, pelos dinheiros públicos gastos, pelo sacríficio da população para os criar e manter, pelo que simbolizam e, alguns, só por os acharem feios.
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Da residência via este edifício que tal como muitos estava abandonado e aguardava obras de melhoramento e adaptação a outras funções. A mesma lavagem de cara que o meu prédio sofrera. Todo o interior havia sido reformado com materiais de baixa qualidade e o exterior estava em processo de levar uma segunda demão. O aquecimento central estava ligado no máximo e todas as janelas fechadas por lá ainda não habitar ninguém. Fomos os primeiros. Tivemos o alojamento gratuito, favor prestado pelo Reitor, a bem da boa imagem aos olhos da UE.
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Havia qualquer coisa nas paredes e nos azulejos do chão que parecia querer esconder o passado. O calor suava-me os poros e passear lá dentro em tronco nú, onde não havia vivalma, só com a luz difusa de um céu cinzento a perpassar as janelas era como um exercício à auto-confiança. Era deixar as ideias colar-se às paredes e levantar-nos do chão.
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