segunda-feira, abril 25, 2005

A obnóxia cantora de hotel romeno


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Quando se pensava que ela não poderia piorar no anacronismo para a vestimenta ela surpreendia-nos uma vez mais. Sempre com uma tendência para o que o início dos anos 90 trouxeram de mau. A impressionante romena de toutiço levantado em repuxo meneava ao som da música o cabelo que lhe pendia em caracois pretos de fino calibre.
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O repertório era variado e incidente maioritariamente no canconetismo americano consensual dos anos 90. Ela batia com os dedos no microfone tal como as nossas cantoras de tournée provinciana e sabia dar à anquinha generosa (eufemismo, para evitar a obscenidade) como bom sinal de mulher multípara. Muito cheia de si, rebolava os lábios, aproximava e afastava o microfone da boca, como cantora de piano-bar, experiente no seu metier. Uma desgraça que ela gostava de sempre coroar no fim com um seco e falsamente fatigado "tanque iu". O seu parceiro, que a acompanhava ao orgão e caixa de ritmos, por vezes avançava uns momentos do coro e ajudava cantando por inteiro uma baladita mais rasgada. Tudo isto até seria suportável se o volume sonoro não estivesse ao nível de competir com o do motor de um avião a jacto.
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Mas o lamentável tinha de acontecer. Ao ver que a audiência batia palmas ainda que rude e sarcasticamente, resolveu cantar pela primeira vez a musica que tinha composto com o seu marido (o mono do órgão) para o aniversário de casamento. Decidiram mostrá-lo pela primeira vez em público ali naquele momento. A coisa não correu bem, com muitas desistências de uns e sorrisos de outros. Parece que há pessoas fadadas ao insucesso.
Posted by Hello

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