sábado, agosto 27, 2005

um acordeão na ilha da fantasia

bar 13, Alvor, 2005

Outro sósia de TOY?

sexta-feira, agosto 19, 2005

snikt snikt


Para cortar só é preciso tesoura
A ver na Avenida Gago Coutinho

segunda-feira, agosto 08, 2005

Apêgo à terra

"Lá, onde estão os burros, é sempre aquele moscaredo..."

Sabedoria popular em Vilela do Tâmega, 2005

segunda-feira, julho 25, 2005

A Mulher no Lar: Antítese


A Mulher no Lar 4

No viver intimo com o marido, a mulher precisa de guardar sempre o recato e o pudor cheios de graça que são um de seus maiores encantos. Ela tem de aureolar-se de uma certa poesia, para conservar intacto o prestigio espiritual perdido num convivio descuidado. É necessario regularisar todas as concessões e todas as liberdades, com delicado carinho não isento de firme, mas de maneira a não ferir.
O nosso lar deve ser um jardim. Nêle decorre a parte melhor da nossa existencia, que será tanto melhor, quanto mais solicitamente soubermos cultivar e cuidar todas as flores que o embelezam e o matizam. E como a um jardim, a mulher terá de rodea-lo duma sébe de cautelas, fechar inflexivelmente as suas portas aos que não sabem respeitar a propriedade alheia e podem tentar danifica-lo ou destrui-lo.

(sim, ela está a falar de isso mesmo que estão a pensar...)



quinta-feira, julho 21, 2005

A Mulher no Lar 3

Dentro do lar, a mulher é o exemplo personificado da serenidade e da educação, seja qual for a sua categoria social.
Uma mulher em gestos colericos e descompostos é uma das coisas mais horriveis, mais abominaveis que póde imaginar-se.
E aquela que acompanha esses excessos duma linguagem grosseira e obscena, já não é mulher, é uma furia, um ser indefenivel. Embora o homem empregue termos indecentes, á mulher cumpre abster-se de usa-los e proibi-los aos filhos. Os palavrões na bôca duma mulher tornam horrenda a que se tem no conceito de formosa.
Com os vicios dos maridos, desde que sejam incorrigiveis, não transige uma mulher digna.
Um homem que se embriaga, ou joga o sustento da familia, é uma criatura abjecta. Só tem de humano a figura. Perdeu o respeito por si, não merece que os outros o considerem.
O dever da mulher, porém, é empregar todos os meios ao seu alcance, para o libertar dessa degradação moral. Se não póde, cumpre-lhe abandona-lo.



A Mulher no Lar 2

Poucas são as casas, embora modestas, que não tenham uma ou mais janelas. Porisso, o nosso primeiro cuidado, ao levantar-nos, deve ser abrir as janelas, de modo a permitir a renovação do ar e a sua circulação por toda a casa. Ar, luz e sol são os tres agentes imperscindiveis a uma boa higiene.
[...]
Quem tem varios aposentos, vai deixando ventilar uns, enquanto permanece nos outros. Abrem-se as camas; sacodem-se e expõe-se ao ar as roupas; batem-se os colchões, os travesseiros e as almofadas. Procede-se a seguir á rigorosa limpêsa de toda a habitação, se é pequena. Se é grande, á mais habitada, reservando a outra para dia, ou dias certos da semana.

.

O desmazêlo, o desleixo que se apoderam da mulher da classe operaria ou agricultora, depois que casa, são, sem duvida, uma das mais poderosas razões da sua infelicidade.
O tempo, que a maior parte délas consome na bisbilhotice com as visinhas ou a palrar de coisas sem interesse algum, aplicado a melhorar com o seu esforço as condições de vida e o conforto e comodidades da familia, produziria verdadeiros milagres.
A mulher do operario consciente deve receber o marido, á chegada do trabalho, com a fisionomia calma e sorridente, não havendo grave motivo a impedir-lho. Não o fazer participar das questões das visinhas – das quais não poucas veses se originam conflitos sangrentos – nem das suas arrelias com os filhos. Os pequenos deitados. Agua numa bacia para êle se lavar, sem necessidade de a pedir. Um casaco, embora remendado, mas limpo, para se libertar da poeira da rua, ou da oficina. Se tem animais domesticos, ja tratados e recolhidos. A ceia feita; os candieiros temperados e limpos. Na mesa uma toalha bem lavada. Umas flôres, mesmo numa jarrinha de barro, darão uma nota delicada de frescura e elegancia á mêsa mais desprovida de iguarias.
A comida, embora pobrissima, apetitosa.
Se o marido gosta de lêr, apenas acabar a ceia, deixá-lo á vontade, não o perturbar. Pedir-lhe até para lêr alto qualquer coisa que mais a interesse. Chamá-lo, por todos os modos á intimidade da vida de familia. Criar-lhe cada dia um gosto novo, por coisas saudaveis e dignas que o afastem dos maus companheiros, das sugestoes criminosas, da taberna e do jogo.

domingo, julho 17, 2005

A Mulher no Lar: DISCLAIMER

Encontrei este livro vasculhando nas prateleiras poeirentas da quinta dos meus avós: A Mulher no Lar – a arte de viver com economia de Emília de Sousa Costa 2ª Edição (aumentada).
Tinha a assinatura da minha defunta Tia-Avó em caligrafia aprumada e por isso o atribuo a ela como um dos seus legados.
Não pretendo com as citações do livro perfilhar as opiniões ou as visões da mulher mas apenas mostra-las pelo seu interesse sociológico e histórico. Ok, admito, e também porque o rebaixamento machista é hilariante pela sua descontextualização nos meios urbanos.
Preferi deixar a versão tal e qual como foi escrita sem adaptação ao novo acordo ortográfico por nos enriquecer a língua e a imaginação.

Espero ansiosamente a vossa mordacidade em comentário.

A Mulher no Lar 1

Uma habitação embora pobríssima, mas limpa e arranjada, é uma condição imprescindível á consecução da felicidade.
Diz-se dos escritores, com certa propriedade, que – o estilo é do homem.
Da mulher pode dizer-se também própriamente – o lar é a mulher.
Muitas mães de família vivem infelizes, por não possuirem a arte de tornar apetecivel a sua casa. A falta de conforto na habitação póde atribuir-se, em muitos casos, aos desperdícios dos operarios nas tabernas, aos dos modestos empregados publicos ou comerciais nos cafés.
Mas é justo reconhecer que a grande numero de mulheres cabe a responsabilidade nessas dissipações dos maridos. Se eles ao chegarem a casa, cansados da faina diaria, encontrassem um aconchego intimo, aprazivel, uma atmosféra agradavel de conforto, uma ceia bem cosinhada e um rosto sereno e risonho que os indemnisasse da rudêsa do trabalho e das grossarias dos chefes ou patrões, a maioria dêles, correria a refugiar-se no abrigo do lar, em que a paciencia e a coragem se retemperariam.
Mas o quadro que se lhes oferece é infelizmente, salvo raras e honrosas excepções, o contrario disto.
O operario ou empregado, extenuado de fadiga e mal humorado, porque, por uma defeituosa qualidade inerente á nossa raça, o trabalho é considerado não um dever, mas a escravidão forçada, recolhe a casa na disposição de descansar.
Chega. Deparam-se-lhe os filhos sujos e famintos; a mulher lamurienta, carrancuda, desgrenhada ou esfarrapada, a casa em desalinho, os animais domesticos mal tratados. Por toda a parte a miseria e e o desconforto. Um nada bastará para irrita-lo. A mulher que não soube evitar o inconveniente, protesta com mais ou menos justiça. Vencem as razões do mais forte que espesinha, espanca brutalisa,e, revoltado contra tudo e todos, sai desorientado, indo esquecer e espairecer para a taberna ou botequim.
É desolador mas infelizmente bem verdadeiro este quadro.
Uma mulher pobre ou rica, verdadeiramente digna desse nome, prima na boa ordem e conforto da sua casa e preferirá o ter de menos um vestido, ou um adorno de uso pessoal, a faltarem-lhe os objectos uteis ao arranjo e até ao adorno do seu lar.

In A Mulher no Lar – a arte de viver com economia de Emília de Sousa Costa 2ª Edição (aumentada) (oferecido a minha tia-avó em 1928)


sábado, julho 16, 2005

Mictório, update

A crónica de urinol exposta antes tem de ser actualizada com este pormenor:
A peça modelo com a rede de fundo, no espaço de uma semana, ganhou duas fatias de sabão macaco. Uma inovação com produto nacional.
Isto é o exemplo do incentivo à produção portuguesa.

sexta-feira, julho 15, 2005

Adília Lopes, uma poetisa modernaça 1

É preciso agir
é preciso foder
isto é etimologicamente
cavar
na cidade
é por vezes
tão difícil foder
como cavar
mas mando quinze tampas
de iogurte Longa Vida
natural
para o Apartado 4450
e plantam-me
uma alfarrobeira
na arrábida


In Sete rios entre campos de Adília Lopes

Adília Lopes, uma poetisa modernaça 2

Escrevi
Porque não
Te perdi

A escrever
escrevo-me
e escrevo-te

Escrevo menos
para mim
do que para ti

Os meus versos
vão dar à tua casa
(eu não quero voltar
para a casa dos meus pais)

Mas vêm aí os pardais


In Sete rios entre campos de Adília Lopes

Adília Lopes, uma poetisa modernaça 3

A porta da casa de Eneias, em Viena

Cartas são como anéis
sem dedos
são cruéis
gosto muito
mas não me chega

A porta que se fecha
com estrondo
e me parte o nariz
deixa-me antiga
como Cleópatra
e a Esfinge

A dor falsa
cheira-me a valsa
é preciso pôr salsa
e na primeira balsa
volto para casa
do meu pai
sem um ai
estancada a hemorragia
torno-me pia

Ai do que não sabe
desentupir uma pia
porque nada sabe
da utopia

Não há fome
que não dê em fartura
com açúcar
e canela
abençoadas descobertas
que tornam as crianças espertas
perdeu-se o pai e a mãe e o império
o Eden passou de cinema a hotel
porque não se faz do Bugio um motel?
para rezar
não é preciso falta
de ar

Dido no Inferno
cumprimenta Eneias
é preciso ter boas maneiras
em toda a parte
especialmente
em questões de Arte

In Sete rios entre campos de Adília Lopes

Adília Lopes, uma poetisa modernaça 4

Gosto da cidade
e da publicidade

Gosto do campo
e do Anto

Gosto do mar
e do lar

Gosto do ar
e do radar

Gosto do céu
e do chapéu

Gosto da praia
e da saia

Gosto de ti
e de ti

Gosto de mim

In Sete rios entre campos de Adília Lopes

segunda-feira, julho 11, 2005

dos sonhos

é como se abrissem aos cães ferozes das pulsões reprimidas as portas do galinheiro das nossas vivências.

dizia eu ao an7ónio numa conversa de alto fervor digital

domingo, julho 10, 2005

Mictório

Desde pequeno que sou abatido pelo fascínio de um determinado objecto de loiça. É um objecto que não se encontra em todas as casas de banho mas que também não faz parte do acervo de utensílios para banhos a prestações, como o bidé. Não, não falo desta bacia oblonga, por muito que mereça uma estátua em sua honra de tão ridiculo nome que lhe puseram, um híbrido entre a corruptela francesa e um neologismo yanomami.

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De petiz sempre que ia a uma casa de banho pública que ficava a olhar para aquela bizarra peça de faiança presa à parede à altura da minha cabeça. Só mais tarde vim a perceber que todas as minhas hipóteses estavam erradas. Desde escarrador a sanita para deficientes (e só Deus sabe as horas que passei a inventar um deficiente que ali coubesse melhor que numa vulgar retrete) tudo me empapou a massa cinzenta.
Um dia mais tarde associei-o à sua função e nome. U-RI-NOL, um nome saído de um livro sobre castas de anjos. Há outros nomes mas acabo sempre por preferir este pelo enrolar de língua que tanto prazer me dá. U-RI-NOL.
A seguir foi a fase de estabelecer a nossa relação. A princípio não foi fácil. Eu estava habituado a sanitas, ao conforto das 4 paredes, a fazer ventriloquismo com o piaçaba... De repente dou comigo a ter de repensar a pontaria. Depressa percebo que não é tão árdua tarefa tratar do assunto sem respingar as calças. A habituação mais difícil foi partilhar o momento de intimidade com um desconhecido ao lado que olha orgulhosamente para o seu zé e depois se vira e esboça um sorriso como se fossemos os mais velhos compinchas. Pior mesmo só quando é urinol corrido, normalmente de metal, em que nem sequer há divisórias e a possibilidade de estarmos a roçar cotovelos com o parceiro do lado me faz perder toda a vontade da natureza. Mas, se estivermos sós é uma maravilha. É como fazer contra uma parede pública sem os incómodos problemas de consciência. Pode-se escrever o nome em caligrafria urinária, que fica a escorrer em lettering de filme de terror classe B e com um fumo amoniacal de escrita corrosiva.

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O urinol é agora o meu momento kit-kat, a pausa de introspecção, a batotice de ter um momento para reunir argumentos para a mesa de café. Mas o urinol nunca poderia ser um objecto intelectual se não fosse também recreativo. É para isso que servem as bolinhas de naftalina. Não há prazer maior do que fazer o jogo de as levantar dos buraquinhos e voltar a pôr, tudo no mesmo jacto de xixi. Ainda assim, consegue manter o seu mistério e versatilidade... por exemplo basta vestir-lhe o fundilho com uma rede verde para se tornar num esplêndido cinzeiro.


Posted by Picasa

quarta-feira, julho 06, 2005

PERALVILHO


talvez do Cast. Peralvilho, n. pr.

s. m., indivíduo afectado nas maneiras, no falar e no vestir;
peralta;
janota;
casquilho.


terça-feira, julho 05, 2005

ÀCÊPÊ: Se chamar o Gregório, não conduza!


Já repararam no Rebranding desta Instituição de Utilidade Pública?

Além de uma estética corporativa mais consentânea com o século XXI mas sem prescindir da roda dentada e das quinas, o ACP reformula os seus serviços, dos quais destaco este:

A pensar na segurança rodoviária e encarando o seu papel interventivo junto da sociedade, considerando ainda a necessidade de satisfazer os interesses dos Sócios e surgir junto destes com uma imagem dinâmica e rejuvenescida, o ACP lança um serviço complementar e inovador: o ACP Noite. Trata-se de um serviço exclusivo, pretendendo oferecer aos Sócios acesso personalizado a um serviço de motoristas.
A sua componente inovadora consiste no horário de funcionamento e na rapidez de resposta, fornecendo a condução segura do veículo do associado e seus acompanhantes, em qualquer ocasião para destino a definir pelo Sócio, variando o seu custo em função das zonas (zona de Lisboa, 15 euros).

* Na feitura deste Blog não se ofendeu nenhum motorista do ACP, especialmente o Sr. Gregório que certamente tantos anos bons deu à casa, por levemente o comparar à ideia de um regurgitado alcoólico.

João, o quadrado

"Aqueles palermas que têm tanto jeito para inventar qualquer coisa onde não há nada, [...], parecem também capazes de não encontrar nada onde há qualquer coisa."

John Le Carré diz sobre a Imprensa in O Fiel Jardineiro (The Constant Gardener)

segunda-feira, julho 04, 2005

Disse-me um certo choco frito:

Hoje em dia ser diferente
é ser igual a toda a gente.

domingo, julho 03, 2005

Gente GiGira

Com o passar da idade cada vez mais intolerante ao grande culto das massas dançantes me torno. Depois dos anos de oiro cá do estróina (estimados numa média de 11 no segundo e terceiro anos da faculdade), progressivamente o ambiente nocturno de alcool, cigarros e "gente gira" passou de fascinante a decrépito.
Lembro-me como se fosse um marco térreo dos anos de diversão. Quando à minha volta as drogas subiram para paradas mais altas eu afastei-me, afastei-me dos lugares e dos amigos. Aí dediquei-me a procurar eu próprio a música que gostava, o único elo que sentia perder sem as saídas. A noite continua a ser o meu mundo de fantasia e um refúgio do espírito.
Redescobri o prazer de sair de novo mas para sítios menores, menos mainstream, mais alternativos, onde a música é o centro e não a pertença a um qualquer "star-system" (whatever that is).
Assim pensando me encontrei na festa da GiGi no invicto Triplex. Uma festa de sons roubados aos anos 80 onde a batida retro-electro lhe é genuína.
Ouvir cantar em coro o refrão do "Paixão" com pronúncia do Norte é uma experiência inenarravél. saí qualquer coisa como:

Paixong, Paixooooooonnnnnng,
Num bais fugir de mim,
serás [com o erre enrolado no palato],
Paixooooooonnnnnng,
atéééé aooo fiiinnhheee.

Claro que tudo corria bem, as pessoas estavam divertidas e não diziam os habituais disparates, nem meneavam a cabeça numa tentativa parabólica de encontrar os fotógrafos. Ambiente relaxado... até às 3h30 da manhã quando encheu para lá da lotação.
De todos os erros de gestão que se podem cometer, o excesso de lotação é o pior. Um serviço pensado para 200 pessoas não tem a mesma logística de um para 400. Está claro que as pessoas começam a sentir-se apertadas, a tornar-se irascíveis e violentas. Depois de 40 minutos num bar a ser acotovelado e a observar a mesquinhez do cada-um-por-si para chegar à barra, desisti e saí.
Não percebo o que motivará a gerência a admitir uma situação de perda de qualidade simplesmente por não observar os limites de lotação. A música era boa, o espaço era engraçado, as pessoas eram simples e animadas mas os limites do civismo ultrapassam-se com grandes aglomerados que se sentem defraudados na qualidade oferecida.
Convenhamos que pagar 10€ de consumo mínimo obrigatório para não ter sequer uma bebida, é obra. Claro que ninguém se queixa e as inspecções de actividade comercial têm mais que fazer.
Isto é só mais um exemplo de como a indústria nocturna rapidamente se torna num poço de decrepitude. Estou contente com a minha decisão de evitar a toda a brida as "ruas principais".
...E ainda recriminam o "botellon"...

segunda-feira, junho 27, 2005

o repto

Resposta ao repto lançado pelo sô skizo no sofá laranja sentado.

a] tamanho total dos arquivos de música no meu computador
Porque vou metodicamente passando tudo para formatos menos voláteis e porque odeio repetição de memória tenho hoje 196 objectos (ficheiros - albuns) que perfazem um total de 53,4 MB.
CORRECÇÃO: 9,75 GB (10.473.896.980 bytes)

b] último disco que comprei
Porque comprar música não é o mesmo que adquiri-la, os últimos álbuns comprados foram Quarks ::: Zuhause e a compilação Monika Force, tudo da editora Monika Enterprise.

c] música que estou a escutar agora
Porque estava a responder à pergunta anterior decidi que era hora da ruralidade inata, dos campos verdes ralinhos com ovelhas rapadas a ruminar.
Oiço pois Chica + the Folder ::: I'll come running.

d] cinco discos que escuto frequentemente ou que têm algum significado para mim

01. Fake French [ El Guapo]
porque todo ele é uma ode aos dias de hoje, ao nosso imaginário projectado num futuro de pendor bélico-tecnicista e pelas frases:

"The glass house, the glass room,
the clear water in the glass,
no front doors to meeting rooms,
no clear water in the glass"
(in Glass House)

"The will of the world is his will.
The run of the sphere is his run.
He is just as you're not.
He is because you're not"
(in Space Tourist)

" If we want to be like queens,
we will have to defeat the drones
defeat the drones that serve the queen
that serve the queen inside the honeycomb"
(in Underground)

02. O monstro precisa de amigos [ Ornatos Violeta ]
porque bebem o espírito do porto urbano e vomitam-no em catadupa.
porque me faz lembrar os tempos em q o porto era meu também.
porque sim.

03. Colette n.º 6 [VA]
porque são reminiscências do ecletismo de brochelas sem lhe sacrificar o gosto.

04. Train leaves at eight [The Walkabouts]
porque é feito de um dos meus planetas favoritos - Sotúrnia - e tem dos vários países uma canção refeita à imagem do grupo. De onde eu nasci aproveitaram José Mário Branco ::: Sopram ventos adversos (Hard winds blowin').

05. Who will cut our hair when we're gone [The Unicorns]
porque foi amor à primeira vista e ainda hoje estou para perceber porquê.

e] lanço o repto a outros bloggers
Peter Panic
Procuro
O meu passe social

terça-feira, junho 21, 2005

Esparsas de Estocolmo 1


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A casa típica da floresta. À volta eram passagens de terra batida atapetadas de caracoletas numa grande migração às 5 da manhã.
O sol tentava madrugar desde as 3 da manhã e não admira que os suecos andassem cheios de olheiras.
Fez-me lembrar os meus regressos solitários do, na altura, recém-aberto Lux, em que voltava com os primeiros raios de sol sobre o Tejo, pela estrada de apoio ao porto com os pombos a voar baixo fugindo aos reflexos prata do punto.
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Esparsas de Estocolmo 2


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Com o palácio real a presidir à zona, o confluir das águas do estuário aumenta a humidade relativa que, para os dias de sol, ajuda a levantar um pouco a moral dos passeantes.
Uma afogada figura de arte aponta para o céu limpo. Mais um pedaço de arte urbana incompreendida... será o império submergido?
Também podíamos ter uma coisa do género no TEJO. Proponho um mário soares com as bochechas a servir do bóias apontando para o palácio de Belém assim como quem diz: "já lá vão os tempos em que eu morava ali..."
Posted by Hello

Epsarsas de Estocolmo 3


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O barco atracado lembra-me um perfume que marcou uma época.
Parece quase impossível dizer Drakkar e a seguir não dizer Noir. Depois entra insidiosa a memória do perfume narinas acima. Esta só encontra o que a suplante no também já mítico Brut. Brut after shave bálsamo. Se o primeiro eu associava ao espírito da ganga do início dos noventas, este último sempre associei a homens michelin suados, de focinheira porcina, com o palito ao canto dos lábios, e, contrastando, um anel de ouro e um mercedes.
Posted by Hello

Esparsas de Estocolmo 4


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Estocolmo, berço da Securitas e do design Ikea. Deram-me as boas vindas e uns dias de sol. As pessoas ensimesmadas não são frias. São plasticamente sorridentes e como tudo o que vi impecavelmente aprumado e irrepreensivelmente arrumado. O design, de tão homogéneo que é, faz com que nada pareça saltar à vista. Mas a sensação de nos passearmos numa nave espacial enfeitada com casas de bonecas é confortável.
Posted by Hello

segunda-feira, junho 06, 2005

FIM

Quando eu chegar batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que a minha mala vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um emigrante nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro!

adaptado de Mário de Sá Carneiro

terça-feira, maio 31, 2005

Senti-me como se tivesse andado a braguilha toda com a rua aberta.

terça-feira, maio 24, 2005

notícias interessantes para ler no caminho para o escritório e fazer conversa de café

Testes de ADN contra a bosteca canina
Em concelho municipal da cidade de Viena sugeriu-se a análise de ADN dos presentes deixados no caminho pelos perros canhotos de modo a punir os seus mestres, culpados de deixar o animal aliviar-se livremente na via pública.

O belga consome 11,6 Kg de queijo por ano
Em 2004 o consumidor médio belga comprou 11,6Kg de queijo . Este é o resultado de um inquérito do Centro Flamengo de Marketing Agro-Pecuário levado a cabo consultando 3000 famílias belgas. Estima-se que para aquele consumo de queijo se tenham gasto anualmente 95€ por pessoa. Em relação ao ano anterior houve um aumento de 4% em volume e 4,5% em valor. O queijo de de pasta dura, do tipo Gouda, representa a maior parte do queijo consumido - 54%. O queijo de cabra parece ser o que menos consumo tem, levando apenas uma fatia de 2%.

Deixa-te (e)levar pelo maior balão do mundo
O Aerófilo é o maior balão cativo do mundo e encontra-se em bruxelas. Envolve 5500 metros cúbicos de hélio, gaz inerte e ininflamável. Tem um cesto circular que pode acolher até 30 pessoas. Liga-o ao solo um cabo que, uma vez desenrolado, deixa elevar os balonautas a 150 metros de altitude.

segunda-feira, maio 23, 2005

esparsas de atum, a filosofia da cozinha de conserva



(Excerto de uma conversa tal qual como escrita no chat)

por acaso hj tb queria comer atum

fui a casa
e qndo abri a lata, com o abre latas...
a lata faz: pffff

e eu: pfffff? como assim, pffff?
atum não faz pffff...
comecei logo a pensar em
Clostridium botulinum
esse sim faz pfff e ah... cheira mal

ao acabar de abrir a lata
uma enorme nuvem de odor estranho
LIXO com ela imediatamente

acho que com os meus sentidos e conhecimentos da faculdade consegui evitar uma febre botulínica
intoxicação alimentar, não obrigado.
Morte à toxina botulínica por via oral.

Ainda pensei em guardá-la para alguma amiga que quisesse injectar nas peles



quarta-feira, maio 18, 2005

saí mais cedo

Quando faz sol toda a gente parece atrasar o passo e assim aproveitei o dia estar lento para aviar os meus afazeres o mais depressa possível esperando sempre não ser chamado ao gabinete da patroa para prestar contas. Não porque tivesse deixado algo inexplicavelmente fora de agenda, mas porque iria significar mais trabalho na certa. Além do facto de uma das leis universais que orientam o pessoal de escritório ser "quanto mais o dia se aproxima do fim maior se torna a reunião de emergência".
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A hora chegaria sem alarme, após várias falsas ameaças com a patroa a ligar a pedir informação vária, quando ela não me costuma ligar para nada limitando-se a sibilar do fundo do seu gabinete numa pronúncia estranhamente italiana "Luííss". Estava o relógio a badalar as 17.30 (lá no escritório não há relógio nem tampouco badala as meias horas, era só uma figura de estilo) e já estava eu a enrolar os cabos do computador quando soa o telefone. No ecrã digital pisca "patroa"...
Socialmente sorrindo expliquei que não tinha muito tempo uma vez que - e aqui a minha mente começou a hiper-trabalhar sem chegar a uma solução eficiente - "tenho de me encontrar com um amigo para tomar um café E IR AO SUPERMERCADO!". Assoberbada pelo meu cumprir de pena de não assalariado, lá anuiu ao meu direito.
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Amaldiçoado pelo peso do logro, forcei-me a ir ao supermercado, isto já às sete depois de um pouco de gestão doméstica com o sol de chofre.
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Serve este texto para dizer apenas o seguinte: na fila para a caixa estava um rapazinho à minha frente, com ar louro e higiénico ao longe mas que tinha um leve travo a Podiaster telavadohoje que é uma planta aromática da africa setentrional. Achei que estava a ser magistralmente castigado.
Porque será que estes cabrões vêm ao mundo com as células olfactivas geneticamente modificadas?

saí atrasado

Aligeirei ao passo ao bater a porta. A descida volante das escadas lembrou-me que não levava mala hoje. Tinha-a deixado no escritório. Hoje podia caminhar e jingar.
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Cá fora o sol esbofeteava o cinzento da Anspach. Experimentei olhar para as pessoas e espiolhar as vidas delas com as histórias que se podem construir à volta da sua presença circunstancial na Boulevard àquela hora. Uma coisa é certa, às 10 já ninguém tem pressa para ir a lado nenhum: Ou estão muito a tempo para não fazer nada ou estão já irremediavelmente atrasadas para o emprego. "Perdido por 100, perdido por 1000" entoavam os nossos pensamentos em coro.
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Fui trauteando um irónico singing in the rain enquanto me desviava dos andantes em velocidade cruzeiro como se fossem gotas de água. Ainda pensei chapinhar os sapatos numa poça avermelhada. Depois de olhar segunda vez para o que podia ser tanto uma passata de tomate como uma placenta de cão, preferi saltar-lhe por cima e urgiu, a seguir, uma vontade de dar uma pirueta e ver as abas do casaco levantar sob os cotovelos.
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Congeminei a minha desculpa e entrei no metro.
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"Bof... cheguei atrasado, desculpem lá.
O despertador não tocou e... ainda bem ..."

domingo, maio 15, 2005

Lavagem de cara ao Ex Libris


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Ao Atomium, tiraram-lhe as placas que compõem as faces das esferas. Arearam-nas até à resplandecência e recolocaram-nas no lugar. Na reposição sobraram espaços. Agora cada bola metálica tem janelas. A óbvia observação é a de as placas terem encolhido.
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A seguir-se a tendência exploradora, não me surpreenderá que ali surja um restaurante de luxo. Se não existisse já "L'Ultime Atom" era um bom nome. Há mais propostas?Posted by Hello

touristic weekend: grand place 1


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Um fim de tarde semi-triste, porque fiquei sozinho outra vez, porque o sépia tornava tudo numa memória, impedindo-me de saborear as últimas horas...
Posted by Hello

touristic weekend: grand place 2


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Queria dizer a toda a gente que estava feliz, que elas não me interessavam para nada e que a grand place ao domingo era apenas uma diatribe de uma cidade viva. Queria que elas descobrissem aquilo eu tão claramente via.
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Olhando bem para as calças de fato de treino escuras lateralizadas com riscas claras, para os polos sobre as t-shirts, para os quicos com óculos castanhos e preferi não interferir no processo artístico-turístico. Deixei que a experimentação prosseguisse, duplamente cega. E ri-me...
Posted by Hello

touristic weekend: grand place 3


Posted by Hello

terça-feira, maio 10, 2005

Coração



Coração de mar e vento,
Que aos corações lanças redes,
És perpetuo movimento
Na guitarra do paredes.

Pões esperança e amargura,
Livras sombra e luz nas notas
E em surdina tens gaivotas
De saudade e de aventura.

Coração tumultuário,
Ah faminto coração,
Solidário e solitário
A prender nuvens ao chão.

Coração da melodia,
Coração em que murmuram
Sol e lua e se misturam
Em funda melancolia.

De tantas fomes e sedes,
Coração terno e violento,
És perpétuo movimento na guitarra do paredes

Ah faminto coração,
A prender nuvens ao chão...

Letra: Vasco Graça Moura
Música: Mário Pacheco
Voz: Mísia
Piano: João Paulo Esteves da Silva
In Movimentos Perpétuos – Música para Carlos Paredes

domingo, maio 08, 2005

Pride?


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A cidade encheu-se de mulheres altas, de cabelos de cores improvavéis, com mãos sapudas quando não peludas, ombros musculados e saltos agulha tamanho 43.
A cidade encheu-se de jovenzinhos de cristas e moicanos em variações indistinguíveis, calças de ganga justas no gancho escondendo a masculinidade rapada, ténis de sola rasa em cor garrida encontrada na jaqueta desportiva e sorrisos dentífricos, muitos, gratuitos e inconsequentes.
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Passaram-me 9 camiões à porta com elevado débito de decibéis. Passaram-me 5 smarts, 2 limousines e 26 bicicletas. Passou um carnaval de gente mascarada intencionalmente ou não.
Passaram bandeiras, cores e partidos. Passaram uns alegres, outros cansados.
Passaram no fim 7 carros de limpeza comunal a recolher os escolhos panfletários.
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Os peões desinformados aquiesceram e sorriram apontando aos filhos aquela ou acoloutra cara apalhaçada. A incompletude das matrafonas prestava-se a ser escarnecida.
Enquanto mordiscava a sandes de paio do conforto altaneiro da minha janela, pensei: Existirá um propósito comum nesta manifestação?
Vá-se lá entender estas coisas...

Stencil: gemula


Stencil: peekaboo


sexta-feira, maio 06, 2005

terça-feira, maio 03, 2005

De casa ao metro

De casa ao metro nos passos apressado
passa-me o sono por cima e o chão por baixo.

Evito bater na gente,
evito olhá-los de frente.
Embacio dos olhos a nitidez
da miséria cinzenta que se junta
aos cantos da rua lamacenta.
Ali passei ontem e amanhã outra vez.

De casa ao metro nos passos apressado
vai a distância de um cigarro.

segunda-feira, maio 02, 2005

Les nuits Botanique

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O programa promete.
Já tenho um dos dois albuns de promoção das banda belgas que ali vão tocar.
Nao esquecer que aqui nasceram, dEUS, Millionaire, Vive la Fête, Soulwax (2 many DJs)...

8º Festival de Curtas Metragens de Bruxelas

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Festival de curtas metragens de dia 30 Abril a 8 Maio.
Tudo no Cinema Vendôme que a par com o Cinema Nova e o Actor's Studio são os meus favoritos.
 
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