sábado, fevereiro 26, 2005

Era uma casa muito engraçada (I)


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A sala com o canto de leitura. O edifício faz esquina como a ponta de um ferro de engomar. Temos luz a inundar a sala de todas as paredes. A cadeira anos 70 comprada num mercadilho de domingo foi uma bagatela. O salsicha-zebra não tem nome nem função mas a sala não seria a mesma sem ele. É uma das pequenas coisas que me faz sentir o aconchego de casa.
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Era uma casa muito engraçada (II)


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Compradas em Londres estas fotografias são impressas em tela.
Dão um ar
trashy underground às paredes enfadonhamente cremes.
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Era uma casa muito engraçada (III)


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Estou desconfiado que este tufinho verde é na realidade um viveiro de mosquitos. Eles geram-se expontaneamente e seguem as concentrações crescentes de dióxido de carbono até ao meu nariz. Depois eu bato palmas para os esmagar nas minhas mãos. O processo seguinte é dar ao cadáver um piparote como se jogasse ao guelas.
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Quando era pequenino, conta-me a minha mãe, eu perseguia moscas nos vidros da sala e com os meus dedos meninos e gordinhos, sorrateiramente aproximava-me delas e apertava-as. Quanto maiores e mais verdes, melhor era o troféu. "Móóóquiii!"
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Era uma casa muito engraçada (IV)


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A ilha de cook
Cozinhar, comer, internet, conversar, beber, ler... a ilha é polivalente.
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Era uma casa muito engraçada (V)


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A televisão está em sistema sem fios com o receptor de satélite, com o leitor de VHS e com o leitor de DVD. É uma arma insidiosa a favor do ócio e do couch-potatoing. A experiência limite será conectar a máquina de café expresso ao mesmo comando universal. Porque em controladores remotos vamos já em número de 6.

Era uma casa muito engraçada (VI)


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Vista da sala a Oeste

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Era uma casa muito engraçada (VII)


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Vista da sala a Sul
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Era uma casa muito engraçada (VIII)


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Vista da sala a Norte.
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sexta-feira, fevereiro 25, 2005

ICE eu pudesse...

Está frio. Entre as pedras escuras do chão cristalizam poças de água, poças que se tornam viscosas e baças como quartzo leitoso. Dou os passos pequenos rua afora, pequenos do medo que me falhe o atrito.
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Enterro o queixo mais dentro do cachecol que me volteia o pescoço, a barba não ajuda e roça-o para baixo. Mordo-o para cima com os lábios porque Deus me livre de tirar a mão do bolso das calças. As unhas ficatiam roxas e sintir-me-ia um morto-vivo em estado avançado de cianose.
Oficialmente é Inverno. Mas não é um Inverno como o nosso. É um frio generalizado que só conhecíamos das histórias para crianças, daquelas que metiam sempre uma rainha do gelo, unicórnios e corujas brancas. Aqui não há nada disso, só persiste mesmo a ideia glaciar de viver numa caverna de estalactites cristalinas.
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Olho pela janela do escritório e vejo a neve a dançar. Até hoje só a tinha visto cair pesada e toscamente no chão. Também tinha visto polvilhar, uma neve fininha e irritante que recobre tudo de açucar em pó e que derretendo deixa uma fina camada de gelo, um culinário glacé.
Do aconchego da chávena de café que aperto com as duas mãos, observo o bailado de flocos de neve, aleatoriamente para baixo, para cima e para os lados, como os bandos de estorninhos ao fim de uma tarde de outono no Cais do Sodré. Mas a neve não chilreia, a neve não tem som. Confina-se a um silêncio orgulhoso e sobranceiro que nos custa também interromper.
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A voz sai custosa, sai pastosa, sai a medo. Pergunto as horas e faço os descontos mentais para saber se para o meu povo já terá cantado o galo.
Ai se eu pudesse por uns minutos ver o sol dançar outra vez...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Com um cherne no bucho


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Fecharam as saídas de metro, cortaram as estradas, interditaram o espaço aéreo e ainda pediram às pessoas para se afastarem das janelas de casa.
O terrorismo do super-zelo venceu.
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Agora gostava mesmo é que o João César Monteiro visse isto. Sei exactamente o que ele diria...
"Eu quero é que eles que se f*****!"
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quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Eu gosto muito do Berlaymont (I) ou o almoço nas barbas do barrosismo



Aceitei o convite para almoçar com a Susana no Berlaymont.
O Berlaymont é o edíficio principal da Comissão Europeia.
Eu gosto muito do Berlaymont.

Tive de esperar pela Susana cá em baixo.
E depois fizeram-me assinar um papel com os meus dados pessoais
E depois mandaram-me passar pelo detector de metais.
E depois perguntaram-me o que ia lá fazer e com quem é que estava 3 vezes.

Fomos comer à cantina do pessoal do Berlaymont.
As pessoas são muito giras e parecem sempre atarefadas.
Os homens usam fatos e gravatas às cores.
As mulheres usam o que lhes apetece.
Eu gosto muito da Susana e de todas as pessoas do Berlaymont.

E depois fomos à cafetaria do Berlaymont.
As cadeiras são todas coloridas.
A decoradora de interiores devia ser a Agatha Ruiz de La Prada.
Eu gosto muito da Agatha Ruiz.
O café era bom.
Havia muitas pessoas a falar português na cafetaria.

A Susana levou-me a visitar o andar do dono.
O dono é um senhor que nunca aparece e anda sempre com guarda costas e assistente porque é uma pessoa muito muito muito importante mesmo muito importante e é ele quem diz.
Eu não gosto muito do dono.
Ele tem quadros no piso dele muito bonitos.
Os quadros bonitos são coloridos e foram feitos no infantário Gulbenkian e não se percebe nada do que pintaram.
Um dia quero pintar a cara do dono.

E prontos foi assim.

(a minha mãe manda-me agradecer à Susana. Obrigado Susana!)

Eu gosto muito do Berlaymont (II)


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terça-feira, fevereiro 15, 2005

Forbidden Planet


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Prosseguindo com uma vida cultural num nodo fervilhante para o contexto europeu descobri o Cinema Nova. Organizada por uma associação privada, compreendendo filmes e música, a programação é deixada ao seu discernimento do que nos faz falta.
Forbidden Planet foi o primeiro filme de ficção científica a cores em cinemascope. Tendo por base o enredo shakesperiano d'"A tempestade" este foi também, talvez, uma das primeiras películas com banda sonora não-musical integrando a ideia não-convencional da exploração do efeito de sonoridades electrónicas no sistema nervoso humano. Pela primeira vez foram utilizados sínteses de um Theremin ainda que como acessórios apenas.
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beep clack pip pip pip pffff schlack tlink tlak clic beep
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segunda-feira, fevereiro 14, 2005

No waffles allowed beyond this point


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o Waffle, nas variantes portuguesas "Gofre" ou "Uafle", é típico cá do burgo e uma das grandes procuras de quem passa em bruxelas.
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À volta do centro histórico, na passagem turística obrigatória, existem inúmeros quiosques de venda desta massa cozida sem graça que é depois decorada com a subtileza que a criatividade permitir. Desde o simples barramento com Nutella à dupla bola de gelado com chantilly, canela, pepitas de chocolate, frutos secos e molhados, chapelinhos e fogo de artifício, há de tudo.
Depois são nomeados com nomes de terriolas como se de pizzas se tratassem.
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Deitei-me a pensar qual seria a melhor cobertura para o "Gaufre Lisbonne". Achei que para ser português havia de ter peixe e enchidos. Queria combinar o Gofre Cataplana com o Gofre Cozido mas achei que era capaz de ser algo indigesto.
Não sei como hei-de descalçar esta bota que me vai deixar sem dormir pelo menos uma semana.
Uma coisa é certa, ninguém pode entrar com nenhum tipo de Gofre (e atenção todo e qualquer tipo de gofre) nesta loja no centro de linhos, rendas, napperons e atoalhados diversos. Quem quiser entrar tem de deixar a peça de pastelaria à porta, de preferência com trela e as vacinações em dia.Posted by Hello

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Vi(d)a Medieval (I)


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Espécie: Monturus merdis bruxelensis Posted by Hello

Vi(d)a Medieval (II)


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Sub-Espécie: Detritus bruxellensis varius L. Posted by Hello

Vi(d)a Medieval (III)


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Espécie: Lixus bruxellensis L. Posted by Hello
 
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