sábado, outubro 02, 2004

Os humanóides associados

Optimista penso sempre que amanhã é que é. Amanhã é que vou encontrar A Casa.
Pequena, moderna, cosmopolita, barata, perto do trabalho, numa zona central, mobilada e totalmente equipada, são as qualidades do arquétipo daquilo que é a minha casa.
Não é uma casa portuguesa concerteza mas também não é uma casa IKEA por natureza.

Há-de ser um híbrido e vou (cada vez mais estou convencido que vou) ter que a partilhar com outro humanóide. "Les Humanoïdes Associés" para fazer e acontecer nesta terra-motor da 9ª Arte europeia.
(http://www.humano.com/)

Hoje cansei-me de calcorrear as ruas à procura dos papelinhos laranja "A LOUER". Todos lia e todos renegava. Preço, tamanho, condições, sempre uma nuvem agoirenta que toldava a sombra do meu arquétipo. Maledisse o demiurgo e os confins da mente e mandei todos para o diabo que os carregasse.

Com as gambias já em consumo láctico parei na Garcia. Alarvei-me numa torrada com o preceito de deixar as fatias do meio, sem côdea, para o fim. Foi até escorrer manteiga pelo queixo abaixo. No fim calafetei bem tudo com um galãozinho morno. Ainda levei, por pirraça, um pão com chouriço para mordiscar na viagem de regresso.

A Garcia por dentro é bem catita. Tem uma fachada de casa alentejana de friso azul numa parede, uma fonte em pedra na outra. Tem ninhos de andorinha verdadeiros no beiral e umas andorinhas de loiça. Só se fala português e toda a gente pede bifanas.
No meio daquela tamanha idiossincrasia, por momentos, esqueci a puta da casa e aturdi-me na leitura da moderna terapêutica da rinite alérgica.

Moral da história: Como no mito de Sísifo, é preciso imaginá-lo feliz assim.

1 comentário:

Anónimo disse...

ler todo o blog, muito bom

 
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