segunda-feira, dezembro 20, 2004
regresso a casa
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Do que mais se sente falta:
comida calórica,
passou-bens para os gajos,
dois beijos para as gajas,
Super bock,
metro artsy,
fiat punto,
falar alto,
cuspir para o chao,
café,
italiana,
galão,
família,
chicos-espertos,
design nacional,
grandes extensões de água,
sol,
nao pagar para ir à casa de banho,
jantares baratos,
gente parola, a nossa,
sair à noite com calor,
ler o expresso
e fazer amor.
terça-feira, dezembro 14, 2004
e aí estão as grandes promoções de natal
Uma internacional:
e uma do cantinho à beira mar plantado:
mal se nota a diferença...
Poema Pial
- Fernando Pessoa
Deve metê-las dentro das pias.
Pia número UM
Para quem mexe as orelhas em jejum.
Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes de bois.
Pia número TRÊS,
Para quem espirra só meia vez.
Pia número QUATRO,
Para quem manda as ventas ao teatro.
Pia número CINCO,
Para quem come a chave do trinco.
Pia número SEIS,
Para quem se penteia com bolos-reis
Pia número SETE,
Para quem canta até que o telhado se derrete.
Pia número OITO,
Para quem parte nozes quando é afoito.
Pia número NOVE,
Para quem se parece com uma couve.
Pia número DEZ,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.
E, como as mãos já não estão frias,
Tampa nas pias!
terça-feira, dezembro 07, 2004
Para acabar de vez com a educação
O objectivo é fazê-los passar no exame de final de ano ao fim de 5 semanas. Para isso há uma equipa de professores, orientados por um director e ainda dois tutores/perceptores das crianças que os vigiam de perto e aturam as maiores patifarias.
Todas as semanas há eleitos, os melhores e os piores da turma e expostos perante todos.
Aprendem riscando o giz na ardósia e são avaliados nos mais diversos temas com penas e tinteiros à moda antiga. Desde temas conjuntos como: Geografia, História, Língua Materna, Matemática, Ciências da Natureza, a temas sexistas e sectaários como: agricultura, pecuária, serralharia e mecânica para eles; puericultura, culinária, costura e etiqueta para elas.
Só dista da veracidade numa coisa, a disciplina é imposta psicologicamente e não tão fisicamente como se houve na tradição oral de pais e avós.
Os míudos provêm dos mais variados fundos culturais e socio-económicos e exibem comportamentos totalmente diferentes onde nos revemos aqui e ali.
É inevitável ter um favorito. A minha é a Charlotte por ser a mais cabra.
domingo, dezembro 05, 2004
Ai potugal, portugal... de que é que tu estás à espera...
Acabei por me divertir uma meia horita a responder aos testes online. A dada altura surge esta pergunta que penso ter uma mensagem subliminar:
12.
O que significa dar o cavaco por alguma coisa
- pagar um alto preço.
- desprezar.
- gostar muito.
(pista: imaginar o título/refrão cantado pela Lúcia Moniz munida de cavaquinho)
sábado, dezembro 04, 2004
sexta-feira, dezembro 03, 2004
HI-FI: A minha música nova...
Aqui na solidão cultural não tenho quem me valha entao tenho que ir investigando sozinho. Compro revistas e tento manter o passo da actualidade e continuo a fazer as minhas descobertas sem indícios. Outras são já apostas seguras com novos albuns. É bom ver que ainda há bandas que não se dividem passados 2 anos por vedetismo individual.
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Envio algumas sugestões sem vestígios de ódio, indie (quase tudo) e cloreto de sódio:
kid dakota – the west is the future
the unicorns – who will cut our hair when we’re gone?
le
nico –
the von bondies – pawn shoppe heart
josh ritter – hello starling
sons & daughters – love the cup
tegan & sara – if it was you
various artist – Colette No.6
Para quem procura uma alma apanhe-a do asphalto.
(este post foi patrocinado por António Gedeão mas a ultima malha é minha)
quinta-feira, dezembro 02, 2004
Manifesto anti-Lucas (versão contemporânea)
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Morte ao Lucas PIM!
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Não se pode confiar a cozinha a uma pessoa que atafulha tudo quanto é legume e fruta na última gaveta do frigorífico, só porque tem um desenho de um tomate, a ponto de ficar espremido e podre ao fim de dois dias.
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Se o Lucas fosse um vegetal era uma abóbora!
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Se o Lucas fosse um vegetal era meia-abóbora... ralada.
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Morra Lucas. Morra. PIM!
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O Lucas cheira mal da boca!
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O Lucas cheira mal dos pés!
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O Lucas tem a boca a cheirar a meias sujas e a fungos enqueijados dos pés!
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Só uma pessoa de maturidade duvidosa pode, aos 26 anos, não ter vergonha de dançar à Michael Jackson, com luvas brancas e fazer o passo do vidro falso em plena discoteca latina ao som do Asereje.
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O Lucas é um palhaço porco.
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Se tivesse noção na puta da cara não deixava todas as manhãs um copo com um filme de sumo no fundo em cima da bancada, mesmo por cima da máquina de lavar loiça vazia.
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O Lucas não compra um caixote do lixo nem me deixa a mim comprar um. Usamos um saco-lençol branco num canto da cozinha que desconfio que deve ter sido levemente passado por água depois das obras em 1917.
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O Lucas é um cretino.
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O Lucas é um cretino sujo apalhaçado que mete dó ao Marcel Marceau por serem da mesma nacionalidade.
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Morte ao Francês OH-LA-LA, PIM PAM e PUM!
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Encontrei uma unha cortada no chão, já castanha por ter dois anos, meia desfiada e envolta em cotão. O Lucas não sabe o que é uma esfregona!
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O Lucas não toma banho e usa a mesma roupa 3 dias seguidos.
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Continua o Lucas a achar que desenha bem e a insistir na ideia que o seu futuro reside na banda desenhada.
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O Lucas é uma Banda Definhada!
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O Lucas é uma Banha Desventrada!
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Outro dia enfadou-me de morte no computador a ver vídeos dele a fazer remo. Vimos 6 ou 7 todos iguais e as minhas olheiras aumentavam proporcionalmente com a minha vontade de lhe esvaziar as orbitas oculares com uma colher de sopa.
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Morra Édipo! Morra Lucas egocêntrico, filho unico... duas vezes da mesma Mãe!
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Se o Lucas mora numa casa eu quero morar noutra!
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Quando ponho roupa para lavar, ele quer meter a dele com a minha. Quando ele mete roupa para lavar não me diz nada e ocupa-me o estendal com as suas cuecas rotas.
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O Lucas não gosta das minhas amigas espanholas. Eu também não mas ele tem mais é que comer e calar. Eu também não gosto dele e não o digo à namorada que lá passa as noites fim de semana sim, fim de semana sim. Uma mártir, enfim.
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Mandem o Lucas para a pata que o pôs!
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Não alimentem o Lucas que ele também não sabe cozinhar. Vai morrer de enfarte do miocárdio por obstrução de uma coronária por um trombo de colesterol!
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Morte ao Lucas PIM! E hei-de lavar a escada com o escalpe do Lucas!
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Lucas Lucas Lucas Lucas. O Lucas é um malfeitor. O Lucas é um comboio de estupidez a caminho da parvónia. O Lucas merece ter um livro do Paulo Coelho com o nome dele.
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Morra Lucas, morra PUM!
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PUM!
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(baseado na versão original do virulento Almada Negreiros)
sábado, novembro 27, 2004
Dom Cócó, o a-FETA-do
afinal há noites de qualidade
segunda-feira, novembro 22, 2004
estresse pós traumático
é a maior da europa
sábado, novembro 20, 2004
quinta-feira, novembro 18, 2004
Portugal na construção da Europa
A grua central das obras de extensão do edifício do Parlamento Europeu em Bruxelas ostenta orgulhosa a bandeira portuguesa!
Além deste maquinista que eleva bem alto o savoir-faire português ha também o Zé Manel mas é noutro edifício. O Zé Manel é tão modesto, humilde e envergonhado que sempre que visita uma qualquer instituição manda fechar toda a gente nos respectivos gabinetes de modo a que não o possam ver nem impedir a sua normal progressão até ao seu objectivo.
Pensa-se que Zé Manel tome parte activa na limpeza de gabinetes ao mais alto nível.
Um truque? Mistura vinagre no detergente para o fazer durar mais tempo.
Um segredo? Junta ao desengordurante um pouco de açucar para fazer as mãos macias.
terça-feira, novembro 16, 2004
quinta-feira, novembro 11, 2004
Tá lá?...tá bonito está..
ah olá pá, tudo bem?
...
sim, bem e tu como tens passado?
...
ó pá isto aqui vai bem. Nem imaginas, isto é um espectáculo.
...
sim sim, estamos aqui a construir uma Europa linda. Tá mesmo a ficar giro.
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é, isto tá cheio de gruas por todo o lado, vais ver quando menos esperares a Europa 'tá um espectáculo e tu nem notas. Eu sei que daí nao se deve ver bem ainda mas aqui o pessoal 'tá todo a trabalhar pa' fazer disto uma cena mesmo à frente!
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não, não te preocupes. A gente trabalha mas também descansa umas vezes por outras. Fazemos umas festas e cocktails aqui nas sedes e inaugurações de escritórios. Isto é mesmo lindo pá. As pessoas não têm bem a noçao do que é a Europa, é preciso vir aqui p'ra ver!
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Pois é natural que te estejas a borrifar, mas aqui o pessoal todo está a construir uma Europa linda!
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ó...ó... olha questa... Vai tu!
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é a tua mãe!
...
tá lá?... tá bonito está...
Xau!
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sábado, novembro 06, 2004
Concertos também
http://www.botanique.be/
Ainda outro cinema para ver sessões nao-mainstream - Actor's Studio.
A pista de dança segundo S.Lucas, ou quando o teu flatmate se revela
Cheira mal cheira a Bruxelas
quinta-feira, outubro 28, 2004
e ao trigésimo dia Deus deu-me um programa cultural
está bem que é um pouco a dar para o reviralho mas enfim, é o que há e não me vou queixar.
http://bxl.attac.be/spip/
terça-feira, outubro 26, 2004
Deito-me agora em post-scriptum com um barrete vermelho
Não há como fugir, descanso a ouvir musica e escrever, gosto mesmo disto mas quis o destino que houvesse de servir a sociedade doutro modo. Não é para perceber, é mesmo assim e é justo porque é igual para todos. Se trabalhassemos com gosto não havia porquê de tirar férias. Pode-se dizer que “Ah! Não senhores! Eu gosto muito daquilo que faço e tento sempre dar o meu melhor e de ser profissional”. Eu digo: Barda-merda! Ser bom no que se faz não significa gostar-de disso.
Lembro-me como se fosse hoje. Tinhamos ficado sem electricidade no Lote 67 e estavamos à luz de velas a discutir o que o pequeno (eu) “queria ser quando fosse grande”. Como boa criança sonhadora e prefeitamente estúpida, animado pelos programas da manhã e por dois ou três livros do Cousteau, disse que queria ter um barrete vermelho e ser biólogo marinho. Minha mãe sempre prática avalizou o meu sonho como uma idiotice. Que fosse mas é para alguma coisa que desse dinheiro. Médico, já se via...
Agora que penso nisso, a vida do Jean-Jacques devia ser um pânicozinho todo junto. Só a logistica dos barcos e das expedições devia dar uns meses a arrancar cabelos. Hoje nem pó e ja me esbofeteei mais duas vezes pelas coisas parvas que disse na infância.
Tinha bem razão o meu pai quando acabou a conversa: “Gostar do que se faz não interessa na medida em que quem o faz melhor é que recebe mais dinheiro”.
Um Cócó em Praga
E assim foi, Dom Cócó retomou as peripécias em viagem, desta vez explorando as tecnologias de topo, orgulho deste novo século. Mandou vir o bilhete pelo correio de alta velocidade que são uns póneizinhos muito, muito, muito pequeninos que correm dentro duns tubinhos e vão a casa de toda a gente. Toda a gente importante entenda-se. Assim como o Dom Cócó. Sentiu-se ele nada mais do que desconsolado por agora ter de levar o número do seu bilhete escrito numa folha branca e a probabilidade de se perder nos seus papéis ser maior ao invés de ter um cartão próprio.
Pelo menos a companhia que voava, companhia da sua nova e moderna cidade, era das que servia comida, obviamente por reconhecer o quanto isso contribuia para o regozijo dos tripulantes. Dom cócó adormeceu um pouco para poupar os seus musculos faciais para as expressões artificiais que teria de fazer nos próximos dias. Como se quer a um diplomata de craveira, nos dias anteriores tinha escrito os discursos que iria fazer, preparado as reuniões que iria ter e treinado ao espelho os olhares e as caretas variadas a usar nos intervalos sociais do seu emprego.
Muito gostou de Praga, Dom Cócó, lugar onde a temperatura era tão baixa como o preço da cerveja (expressão que anotou para usar nas suas memórias).
Pensar-se-ia: Mas que diabo faria Dom Cócó em tão vil cidade? Pois em virtude da sua posição importante, deslocou-se ele em trabalho para ajudar numas conferências que outros senhores importantes fazem regularmente.
Fez o que lhe competiu e ainda recebu elogios. Ainda foi convidado para discursar no final da conferência apresentando os resultados da sua humilde contribuição. O que é certo é que estavam quase 8 pessoas na audiência ouvindo atentamente. “Quase”, porque uma era perneta. Dom Cócó não conseguiu esconder o orgulho de perceber que as outras 850 pessoas e uma perna haviam confiado na qualidade do seu serviço a ponto de não precisarem de ouvir o relatório, por muito verborreico que ele fosse.
Seguro de ter feito o melhor possível pela humanidade e arredores decidiu pos deambular um pouco pelas ruas daquela cidade verde e castanha, dourada e preta. Gostou do que viu e tirou apontamentos para voltar mais tarde. Comeu regularmente em restaurantes italianos por a gastronomia local padecer de falta de imaginação e paladar, a ponto de os próprios locais a ignorarem e frequentarem aqueles italianos com maior frequência que a que vão à missa.
Dom Cócó, como apreciador dos movimentos populares ainda que com moderação, decidiu um desses dias em Praga ir à danceteria mais badalada a nascente. Era bizarra a casinhota que albergava aquela barbárie de gente. Por quatro pisos se dividiam pequenos salões de baile e bares variados. A musica era na sua maioria de compositores menores mas que pareciam estar a contento da turba alucinada. O aparato era grande nalgumas salas ao ponto de haver muita gente de luvas brancas calçadas, mesmo não havendo luz que se visse e estando elas na sua larga maioria mais despidas que bem-vestidas para a ocasião. Entreteve-se pois Dom Cócó em observação de cuidado antropológico que a multidão lhe proporcionava e teve ainda tempo para beber uns copanázios da beberragem local.
(Desta vez as luvas eram verdade, não havia como inventar!)
quinta-feira, outubro 07, 2004
Saludos amigos
Consegui ao fim de 9 dias encontrar uma boa pechincha. O aluguer mensal é bastante inferior às congéneres oferecendo as comodidades de uma vida moderna belga como maquina de lavar e secar, TV Cabo, aquecimento central, cozinha equipada e até um companheiro de casa decente.
A juntar a isto a proximidade com a Garcia (ler post Liberdade) calcula-se proveitosa para o meu saldo de colesterol.
Deixo para trás quase uma dezena de Pousada de Juventude (http://www.vjh.be/).
Agradeço às personagens com quem partilhei quarto pelas memórias que me deixam.
James, meio neo-zelandês meio maori, a fazer a viagem grande antes de ser aceite de volta na sua tribo.
Matt, cinquentão texano que comprava garrafas de cerveja, as punha em água morna para tirar os rótulos e posteriormente catalogar, com as respectivas apreciações de gosto.
Rapaz de chibo ruivo, que quando eu saia de manhã ele ficava a dormir e quando entrava à noite já dormia. Achei que para defunto até não estava a cheirar muito mal.
Ignatzio "Nacho", argentino grunho que abria a boca para dizer disparates e que por isso mesmo era óptimo para ter por perto.
Adela e Soledad, malaguenhas indeféctiveis que no meio da pista rock gritam para que passem "Salsa, Salsa". Estas estao cá por um ano agora já com casa própria onde só passam musica daquela.
Enrique "QuiQue", o beto da extremadura que me ajuda a aturar estas duas miudas.
Estes últimos três têm sido os companheiros das saídas nocturnas, muitas das vezes passadas no bar da Pousada até ás tantas a beber cerveja barata e a ver o "Jackass, the movie" over and over.
Entendemo-nos num espanhol escorreito que eu na maior parte invento e quanto mais depressa o falo, melhor o entendem. A certa altura, tentei explicar-lhes o que era um pastel de tentúgal e ficaram muito divertidos com a minha tradução de "folhado".
terça-feira, outubro 05, 2004
Lisboa, não sejas francesa...
Depois de sair do escritório e com uma pressão bombástica nos intestino decidi fazer-me à estrada qual cowboy do asphalto mas a pé. Sem carro, bicicleta, mula ou pileca. A pé!
Levei um mapa da internet dobrado em quatro no bolso. Só o consultava se precisasse com a vergonha e receio que alguém se apercebesse que era estrangeiro. Nele tinha posto as indicações da casa para ver se me agradava alugar.
Depois de 500 metros a andar na direcção errada decidi voltar por se estar a fazer escuro e o estômago roncar e o intestino se aguentar. Já no caminho certo pensava naquilo que o meu pai chamava "um passeio à Senhora da Asneira".
Afinal a casa não era má de todo. Resta saber se eu agradei ao outro locatário com quem tenho de partilhar a casa. Não percebo porquê mas em Brochelas é assim: se a casa é má qualquer pessoa serve, se é boa já se pode escolher. Tendo em conta que a escolha é feita com base em critérios subjectivos e imediatos, ja se vê a justiça da coisa.
De regresso ao albergue pensava como estava quente aquela noite e de como isso costumava anteceder dias de chuva. Nisto, fixei um toldo de snack-bar com publicidade a "Silveira cafés" olhei para dentro e havia uns senhores ao balcão a falar português e a beber umas minis.
Esfreguei as mãos pensando "É português, mesmo que seja uma merda há-de ser barato".
Dentro, escrito numa ardósia mal segura na parede a giz azul e cor-de-rosa,
"Há Francesinha".
É pró menino e prá menina - sorria eu enquanto prendia o meu olhar na decoração floral-fantasia da ardósia.
E cá para o menino houve francesinha, mini de super-bock, baba de camelo e café como o nosso. Ainda vi os anúncios na RTP e pensei que até eramos evoluidos nisto da imagem. Se soubessem o esterco que anda cá por fora...
Por me ver tão repleto, o empregado perguntou-me se era do norte por estar a comer uma francesinha. Expliquei-lhe que era de Lisboa e respondi a todas as perguntas da praxe: Que era estudante, que estava so por um ano, que tinha dado com aquilo por acaso, não, que ninguem me indicou aquele sítio e que não conhecia nenhum Sr. Albano de Setúbal.
Sou de Lisboa, gosto de francesinha desde que seja comida no porto. Não sei, tem sempre um sabor mais cervejeiro e acolhedor. Traz-me à memória ricos dias.
A arte de bem asnar em toda a cela
http://jornal.publico.pt/2004/10/04/Sociedade/S01.html
“O que me parece que é largamente favorecedor do insucesso é a gratuitidade do ensino superior público, que fomenta a irresponsabilidade, permite que haja estudantes sem aproveitamento.”
Falso
O ensino superior já deixou de ser gratuito infelizmente.
Resolve-se esta situação tornando-o ainda mais caro, logo, incomportável para alguns. Fica reservado o ensino a quem o pode pagar. Torna-se um bem de luxo.
Em alternativa, pode-se trabalhar e pagar o ensino, mas o aproveitamento também decresce o que não me parece resolver o seu problema.
A gratuitidade do ensino prende-se com a sua acessibilidade e não com a prossecução dos estudos.
“Mas são irrisórias [propinas]. Sei que é difícil para uma minoria de famílias, mas para a grande maioria o que pagam é irrelevante e isso é fomentador não apenas de irresponsabilidade social, como de insucesso.”
Falso
As propinas no ensino superior público ascendem aos 850€ anuais, valor máximo permitido pelo estado. No privado são mais elevadas ainda e a garantia de qualidade não é proporcional.
Claro que são irrisórias para quem comete o erro (pouco académico) de introduzir um viés urbano e elitista nas suas ideias.
A irrisoriedade, irrelevância e irresponsabilidade referidas pertencem apenas a quem tem a estabilidade financeira para as suportar. Isto é um tiro no pé.
“Creio que há razão quando se diz que há crescente cultura de facilitismo no ensino e diminuição de exigência no ensino, que estudar e aprender é algo de que se deve tirar prazer e que não há algo de ascético neste esforço de fazer vida escolar e académica.”
Verdadeiro
Ressalto o facto de ser apenas uma confirmação da constatação de outrem.
“Os profissionais são importantíssimos, mas temos de impedir que haja uma visão corporativa. Assistimos ao decréscimo do número de alunos e a um aumento dos professores. Ora, impõe-se uma racionalização.”
Falso
Assitimos se calhar a um aumento do rácio professor/aluno mas não há decréscimo do número de alunos.
Esta observação resulta do normal devir da demografia. A população envelhece e os jovens são menos que os adultos.
Pode-se no entanto contornar o problema considerando que em portugal o Professor Universitário é um invetigador e que o aumento de massa crítica pode ser utilizado no próprio auto-financiamento das Universidades pela prestação de serviços à Sociedade Civil. Isto significa que a universidade se tornaria útil às Associações Profissionais sem ser por isso engolida pela máquina corporativista.
Auto-financiamento da Univesidade. Ensino tendencialmente gratuito.
Isto sim, é racionalização!
“Há necessidade de incentivar a exigência no ensino superior. Temos que tomar medidas restritivas da permanência na universidade de estudantes sem aproveitamento.”
Verdadeiro
Um pouco dramático mas parece-me lógico. A ocupação de um lugar sem resultados tangíveis face às contingências individuais não é produtiva. Não deve permanecer quem pode pagar mas quem demonstra resultados.
Fora com quem não serve para estudar. PIM!
“Hoje, em todas as cidades universitárias de Portugal, existe uma autêntica indústria da noite, que exerce uma fortíssima pressão sobre os estudantes universitários e é responsável por um clima de menor investimento no estudo e na aplicação em geral.”
Falso
Ao estudante é dado o livre arbítrio de escolher o que deve fazer. Se ele resolve preterir os estudos pela sociabilização em excesso ele, como jovem adulto, lidará com as consequências. Não esqueçamos que falamos de pessoas com idade superior a 18 anos.
Com tanta pressão, até me espanta que não andem por aí estudantes a bufar vapor como umas panelinhas. Estariam a destilar o álcool, dir-se-ia...
“Famílias e instituições não são capazes de controlar a enorme pressão que é exercida sobre os jovens e que obviamente não favorece nem contribui para o sucesso escolar.”
Verdadeiro
Colhem apenas os frutos de uma educação que se demitiu do ensino da responsabilidade e de uma grelha de valores adaptada à realidade. Não compete no entanto à família controlar qualquer pressão que seja. Repito: o jovem adulto já tem idade para decidir.
Este tipo de raciocínio leva naturalmente ao enclausuramento dos estudantes em celas monásticas e o uso de palas nos olhos nas zonas comuns.
“É muito importante canalizar para a qualificação, premiar a qualidade e distinguir o que é bom.”
20 valores para a LaPalissada número 1.
“Pedíamos que o Estado pagasse as propinas aos alunos mais classificados. É pena o Estado não ter concretizado essa proposta, que seria uma medida de qualificação do ensino superior.”
Falso
Se o estado pagasse as propinas dos alunos mais classificados julgo que o faria nas instituições de Ensino Superior Publico que lhe dão verdadeiro retorno.
No entanto, se foi o próprio estado a encetar a ideia peregrina do auto-financiamento e da instituição de propinas não será isto uma viragem de 180º na sua política?
Sempre me ensinaram a encarar o estado como um Mr. Scrooge e os privados como o Pai Natal.
Apresentem-se alternativas e não retrocessos.
“Por exemplo, temos algumas faculdades onde a actividade com formação ao longo da vida é quase mais importante que a graduada. Há que fomentar uma aproximação entre as instituições de ensino superior e a sociedade envolvente.”
17 Valores para a LaPalissada número 2.
Esta já perde por não ter efeito surpresa e por não ter qualquer referência à Universidade da 3ª idade onde se cabula deixando cair a placa no exame.
“Há muitas formações que conduzem à criação de competências profissionais que não são compagináveis com o modelo "três mais dois". A discussão tem que ser feita articulando uma reflexão sobre perfis profissionais e aquisição de competências e tem de ser feito por areas.”
Verdadeiro
Aposto que também foi daquelas de “ouvi dizer”.
Estamos a ficar com falta de serviços essenciais por falta de formação especializada nos quadros médios e inferiores. Não significa que sejam mal-pagos mas se calhar são ainda mal-vistos no país-do-dia-de-ontem.
“...na generalidade, as formações devem ter um mínimo de quatro anos. A grande competição que temos de travar é com o sistema de ensino universitário norte-americano, que se revela ser o mais atractivo.”
Falso
A competição a travar com os EUA é no campo da “fuga de cérebros”. Combate-se pelo incentivo financeiro à investigação.
Formações de quatro anos já existem. Nós chamamos-lhe “Ensino Politécnico” e é se calhar uma vertente da educação que merece mais acompanhamento e uma maior aposta pelos quadros médios que produz.
Não se pense, porém, que há paridade entre o ensino Universitário Estado-Unidense e o Europeu. O seu ensino é muito mais especializado e como em tudo perde se calhar pela falta de abrangência na visão do mundo.
Conclui-se pois que Sr. Manuel Braga da Cruz satisfaz menos.
Com reitores assim, não admira que o Ensino Universitário em portugal esteja na mó de baixo. A culpa é também dos estudantes. Enquanto as coisas não lhes doerem no pelo, não se queixam.
sábado, outubro 02, 2004
Os humanóides associados
Pequena, moderna, cosmopolita, barata, perto do trabalho, numa zona central, mobilada e totalmente equipada, são as qualidades do arquétipo daquilo que é a minha casa.
Não é uma casa portuguesa concerteza mas também não é uma casa IKEA por natureza.
Há-de ser um híbrido e vou (cada vez mais estou convencido que vou) ter que a partilhar com outro humanóide. "Les Humanoïdes Associés" para fazer e acontecer nesta terra-motor da 9ª Arte europeia.
(http://www.humano.com/)
Hoje cansei-me de calcorrear as ruas à procura dos papelinhos laranja "A LOUER". Todos lia e todos renegava. Preço, tamanho, condições, sempre uma nuvem agoirenta que toldava a sombra do meu arquétipo. Maledisse o demiurgo e os confins da mente e mandei todos para o diabo que os carregasse.
Com as gambias já em consumo láctico parei na Garcia. Alarvei-me numa torrada com o preceito de deixar as fatias do meio, sem côdea, para o fim. Foi até escorrer manteiga pelo queixo abaixo. No fim calafetei bem tudo com um galãozinho morno. Ainda levei, por pirraça, um pão com chouriço para mordiscar na viagem de regresso.
A Garcia por dentro é bem catita. Tem uma fachada de casa alentejana de friso azul numa parede, uma fonte em pedra na outra. Tem ninhos de andorinha verdadeiros no beiral e umas andorinhas de loiça. Só se fala português e toda a gente pede bifanas.
No meio daquela tamanha idiossincrasia, por momentos, esqueci a puta da casa e aturdi-me na leitura da moderna terapêutica da rinite alérgica.
Moral da história: Como no mito de Sísifo, é preciso imaginá-lo feliz assim.
sexta-feira, outubro 01, 2004
Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
Amanhã vou tentar comprar o expresso na Orfeu:
http://www.luso.be/pt/pub/details.asp?num=38
Depois vou comer um pastel de nata a transbordar de canela na Garcia:
http://www.luso.be/pt/pub/details.asp?num=21
quinta-feira, setembro 30, 2004
A cidade em contra-fase
Bruxelas funciona como duas ondas, dois universos paralelos completamente fora de fase.
Bruxelas dos que são belgas e convivem com a migração de trabalhadores servis, pobres e estrangeiros tanto europeus como não-europeus para um emprego infra-remunerado. Brochelas, a cidade que alberga as instituições europeias e que sofre de migração de trabalhadores especializados ricos, na sua maioria Europeus, jovens e supra-remunerados.
Claro que duas pessoas que tenham a mesma nacionalidade mas vivam em Bruxelas diferentes não se encontram, anulam-se eventualmente.
Chamemos as coisas pelos nomes: "emigrantes" e "expatriados", os primeiros moram na capital Belga os segundos na Capital Europeia. E sim, um belga pode ser ele próprio um expatriado em Brochelas.
Outra pergunta que inteligentemente se pode colocar é: "Sim senhor, já percebi a diferença de conceitos que até me enfadou um pouco, só não percebi o étimo do neologismo Brochelas".
A explicação é fácil e reside na analogia com algo que, para o frete que envolve, é muito bem pago.
Quanto a mim, reúno o pior que existe nos dois. Considero-me como que um electrão sujeito a duas ondas, a eléctrica e a magnética. Sou um trabalhador voluntário e eléctrico a viver a vida magnética dos expatriados.
Sou também a Olívia patroa e a Olívia costureira mas isso fica para outro dia.
(e cuidadinho com os comentários que a minha mamã lê o belogue)
quarta-feira, setembro 29, 2004
A mais louca epopeia de Dom Cócó
Era uma vez uma civilização avançada. Faz de conta que os transportes que lá havia eram eficientes e andavam muito, muito rápido. Um desses transportes era o avião, geringonça em forma de cruz que andava pelo ar.
Houve um dia que Dom Cócó resolveu fazer uma viagem para muito, muito longe e para lá chegar foi de avião. Chegado à estação dos aviões ainda passou um bom bocado de cú para o ar a fechar a sua mala que ia no porão. Dom Cócó gostava de tudo muito bem apertadinho para que não se partisse no caminho por já conhecer os modos brutos dos simples operadores das malas.
Dom Cócó gozava de um charme natural que herdara certamente de um parente distante e valeu-se dele para que a menina das malas não lhe cobrasse nem mais um pataco pelos seus 60 kilos de malas que carregara tão corajosamente até ali.
O avião que Dom Cócó fretara leva-lo-ia a Madrid, capital de um reino vizinho. Viajavam também nesse dia para o mesmo destino:
- equipa brasileira de 100 metros em corrida de sacos da terceira idade;
- quatro cavaleiros templários paramentados, 3 dos quais ainda com o corte de cabelo iniciático;
- executivos variados, a maior parte com nódoas na gravata;
- um senhor muito chato que de certeza era da famíla dos Fodematola.
Quis o destino que o avião se atrassasse a chegar, tinha vindo de Dakar e precisava de descansar e refrescar-se. Quis outra vez o destino que dois passageiros chegassem muito, muito atrasadinhos. Voltou a querer o destino que à última da hora caísse um repentino nevoeiro sobre a pista.
Dom Cócó não se preocupou com o atraso de uma hora na partida do seu transporte. Pois se o destino tinha consentido nesta situação, pois o próprio destino se encarregaria de a resolver. O destino ia querer outra vez! Entretanto conformava-se com a condição e refastelava-se com uma refeição opípara servida com simpatia.
Apercebe-se à chegada que a hora de partida do seguinte avião tinha sido ultrapassada, podendo isso consistir problema para a prossecução da sua viagem. Quis porém o destino (eu não disse?!), quis ele, que o vôo tivesse sido cancelado. O avião estava indisposto e recusava-se a sair do local.
A empresa que geria a estação de aviões em madrid - Ibérdia - prontificou-se a resolver tudo enviando os pasageiros noutros aviões, estes já gozando de boa saúde, e até entregando cupões de desconto para refeição e artigos variados dos quais destaco os abanicos coloridos.
Viajou assim Dom Cócó na virginiana companhia dormindo exausto todo o caminho.
À chegada, Dom Cócó sentiu um certo ardor no peito. Pegando nas malas olhou em volta para aquela babel de desconhecidos e rapidamente procurou os elevadores. Com tanto atraso perdera também a estalagem que tinha marcado de antemão. Prontificou-se Dom Cócó a pedir que lhe enviassem o número que ele próprio se encarregaria de falar com a estalagem para que lhe guardassem lugar e lhe fossem aquecendo a água do banho.
E assim foi...
(Para que não pense que a sua mente não lhe prega partidas: os templários eram a sério)
terça-feira, setembro 28, 2004
Ouvi dizer que cheiram mal
Depois de um mês de aturada pesquisa interneteira sem conseguir encontrar casa para alugar tomei uma decisão drástica... ou antes, dramática + trágica.
Tenciono ficar num daqueles albergues de juventude ociosa, até encontrar um poiso fixo que não me saia caro nem fique num ghetto de emigrados menor-asiáticos.
Ontem sonhei que chegava lá sem malas. Não me parecia incomodar com isso e passeava pelas ruas com uma mochila a dar-a-dar enquanto levantava o queixo procurando nas janelas contactos de aluguer.
O sonho não tinha cheiro. Não sei porquê sempre tive a impressão que os belgas cheirariam mal. É uma assunção cabotina, assumo, mas sei exactamente por que a tenho. Atribuo as culpas a um belga que conheci uma vez num bar do Bairro Alto. Um tal de amigo-de-não-sei-quem, cuja pitadinha fétida da axila me feria como se me assoasse a lixa diamante.
Espero não me esquecer de nada e que a divina providência impeça que as minhas malas se extraviem na viagem.
Vou amanhã para Bruxelas, se Deus quiser e a Iberia deixar.